
Quem nunca ouviu aquele papo de que gatos laranja são meio “doidinhos”? Na internet, esses felinos ganham memes, apelidos como “os malucos de uma célula cerebral só” e até fan pages dedicadas aos seus jeitinhos meio malucos. Claro, tudo isso é um tanto quanto divertido, mas será que tem alguma verdade por trás disso?
Por muitos anos, os cientistas tentaram entender o que realmente explica essa cor vibrante e marcante — e por que parece que mais machos são laranja do que fêmeas. Em maio de 2025, dois estudos trouxeram evidências que apontam para uma mutação genética que parece ser exclusiva dos gatos domésticos.
Mas será que essa explicação resolve tudo? Ou será que ainda existem mistérios e nuances que a ciência não captou? O jeito é continuar acompanhando e torcer para que a “ginger power” dos nossos amigos peludos continue nos surpreendendo.
Afinal, por que os gatos laranja têm essa cor?
Por muito tempo, a ciência já tinha uma boa pista: o gene que determina a pelagem laranja nos gatos está localizado no cromossomo X — o mesmo envolvido na determinação do sexo biológico. Isso por si só já traz uma série de consequências interessantes.
Nos gatos machos, que possuem um único cromossomo X (formando o par XY), qualquer gene presente nesse X se manifesta diretamente no corpo. Por isso, se o gene laranja estiver ali, não há “concorrência” — o gato vai nascer totalmente alaranjado. Já nas fêmeas, que têm dois cromossomos X (XX), a história muda um pouco: para que uma gata seja inteiramente laranja, os dois X precisam carregar o gene da cor.
Quando apenas um dos cromossomos X possui esse gene e o outro não, o resultado é aquele padrão belíssimo e todo especial das gatas tricolores (também conhecidas como calicos) ou das chamadas tartarugas (tortoiseshell). O que acontece é que, em cada célula do corpo da fêmea, apenas um dos cromossomos X é ativado — um processo natural chamado inativação do X. Isso faz com que algumas áreas do corpo expressem o gene laranja e outras expressem outra cor, como o preto. Daí nasce aquele efeito incrível de mosaico genético, visível na pelagem.
Mas, apesar de já se saber esse mecanismo, a grande pergunta ainda permanecia sem resposta por décadas: qual era exatamente o gene responsável pela transformação dos pelos em tons alaranjados? Os cientistas sabiam que a resposta estava no cromossomo X, mas o gene exato ainda era um mistério… até agora.
Duas equipes de pesquisa — uma nos Estados Unidos e outra no Japão — finalmente chegaram à resposta definitiva: tudo aponta para uma deleção genética próxima ao gene Arhgap36, que interfere diretamente no tipo de pigmento que os gatos produzem. Essa descoberta resolve um enigma genético que intrigava a comunidade científica há anos.
O gene misterioso: Arhgap36, o que os cientistas estão descobrindo
Recentemente, duas equipes de pesquisa — uma nos Estados Unidos e outra no Japão — apontaram para uma mutação no DNA que parece estar associada à famosa pelagem laranja dos gatos. Essa mutação envolve uma deleção (uma pequena parte “faltante” no DNA) perto de um gene chamado Arhgap36.
Por que essa descoberta tem gerado tanto interesse? Bem, porque essa alteração genética parece influenciar a forma como os pigmentos são produzidos no pelo dos felinos.
Em mamíferos — incluindo humanos e gatos — existem basicamente dois tipos de pigmentos que dão cor aos pelos e cabelos:
- Eumelanina, que gera tons escuros, como marrom e preto;
- Feomelanina, responsável por tons quentes, que vão do amarelo ao vermelho.
A mutação observada pode estar ligada a uma redução na produção da eumelanina, deixando que a feomelanina se destaque mais — o que explicaria aquela cor alaranjada tão característica. Porém, é importante lembrar que essa é uma interpretação baseada nos dados atuais e que a ciência ainda explora outros fatores e genes que podem influenciar essa característica.
👉 Resumindo: a mutação no Arhgap36, pelo que se sabe até agora, pode aumentar a atividade desse gene nas células que controlam a cor do pelo, interferindo nos caminhos que normalmente levariam a cores escuras, como o preto ou marrom. Isso poderia resultar naquele tom alaranjado tão marcante nos gatos — mas ainda há muito a descobrir e confirmar.
Um gene que pode agir só em gatos domésticos?
Uma das coisas mais interessantes que os pesquisadores notaram é que essa mutação parece estar presente apenas nos gatos domésticos. Grandes felinos como leões e tigres também têm tons amarelados, mas parece que esses tons não estão ligados nem ao sexo nem ao gene Arhgap36, pelo menos do jeito que acontece nos nossos gatos de casa.
Isso sugere que a mutação pode ser algo exclusivo desses nossos companheiros felinos, mas ainda não dá para afirmar isso com total certeza — afinal, a natureza costuma surpreender.
Outro ponto curioso é que, antes dessas pesquisas, ninguém imaginava que o Arhgap36 pudesse ter alguma relação com a cor do pelo. Esse gene costuma ser mais ativo em órgãos produtores de hormônios, como a glândula pituitária. Então, nos gatos domésticos, ele parece ter ganhado um papel diferente — e até meio inesperado — na produção daquela pelagem alaranjada tão característica.
Mas, como sempre, ainda há muito para descobrir nesse universo felino!
De onde pode ter vindo essa mutação?
Os estudos indicam que todos os gatos laranja analisados tinham uma mutação bem parecida — quase como se essa característica tivesse surgido numa única linhagem ancestral e ido sendo passada de geração em geração.
Alguns especialistas estimam que esse “gato original” poderia ter vivido há mais de 900 anos, um dado que até combina com pinturas e manuscritos antigos mostrando gatos com pelagem alaranjada e calicos.
O geneticista Hiroyuki Sasaki, da Universidade de Kyushu, acredita que a presença constante dessa mutação em raças e lugares tão distintos pode reforçar a ideia de que esse gene veio de um único indivíduo ancestral — algo meio que o “Adão” dos gatos laranja.
Mas claro, como toda hipótese científica, ainda existe espaço para outras possibilidades e descobertas futuras que possam mudar essa história.
Por que a maioria dos gatos laranja são machos?
Como a gente já mencionou antes, o gene ligado à cor laranja fica no cromossomo X — e isso pode explicar por que muitos gatos laranja são machos. Eles têm só um cromossomo X, então, se esse X carregar o gene laranja, a cor aparece em toda a pelagem.
Já as fêmeas, que têm dois cromossomos X, talvez precisem de duas cópias desse gene para ficarem completamente laranjas — uma em cada X. Se tiver só uma cópia, a pelagem pode acabar ficando meio misturada, com áreas de cor diferente.
Por isso, algumas pessoas acreditam que as gatas totalmente laranjas são mais raras — e talvez por isso sejam vistas como mais especiais ou exóticas para quem curte gatos.
Claro que, como toda regra na genética, pode haver exceções — o mundo dos gatos está cheio de surpresas!
Resumo visual da descoberta
Elemento | O que foi descoberto |
---|---|
Gene envolvido | Arhgap36 |
Tipo de mutação | Deleção no DNA próxima ao gene |
Efeito da mutação | Inibe genes da pigmentação escura (eumelanina) |
Resultado | Pelagem alaranjada (feomelanina dominante) |
Onde age | Apenas em células que produzem pigmento |
Origem | Provavelmente de um gato ancestral há cerca de 900 anos |
Sexo mais afetado | Machos (por terem apenas um cromossomo X) |
Curiosidades que você vai amar saber
Você já reparou como gatos laranja parecem ter uma personalidade única? Muita gente diz que eles são mais bobões, carinhosos ou até meio “sem noção” — uma fama que circula nas redes sociais e que virou meme. Mas será que isso tem base científica? 🤔
👉 Por enquanto, não há evidência conclusiva de que a cor da pelagem influencie diretamente o comportamento dos gatos. Porém, relatos de tutores e algumas observações preliminares de pesquisadores sugerem que pode haver padrões comportamentais associados, embora isso ainda esteja sendo investigado.
Outra curiosidade genética fascinante: gatos calicos (aqueles com manchas alaranjadas, pretas e brancas) e tartarugas (mistura de preto e laranja, sem branco) são quase sempre fêmeas. Isso acontece porque o gene da cor laranja está no cromossomo X. Como as fêmeas têm dois cromossomos X, elas podem carregar dois tipos de genes de cor, resultando nesses padrões lindamente mesclados.

E o tom alaranjado nem sempre é igual. Alguns gatos exibem um laranja vibrante, enquanto outros têm um creme suave ou até um tom mais escuro puxando para o cobre. Essa variação é causada por genes modificadores, que alteram a produção e a distribuição da feomelanina, o pigmento responsável pelas tonalidades quentes do pelo.
Ah, e uma dúvida comum: o padrão “tabby” interfere na cor laranja? A resposta é não! Na verdade, todo gato laranja é, em essência, um tabby. Mesmo os que parecem ter pelagem lisa apresentam, sob determinada luz, listras sutis — um traço genético quase inevitável, já que o gene do alaranjado e o padrão tabby estão fortemente associados.
Pra fechar: calicos machos existem, mas são extremamente raros — cerca de 1 em cada 3.000. Isso ocorre quando o gato macho tem uma mutação cromossômica chamada XXY, condição semelhante à síndrome de Klinefelter nos humanos. Esses gatos costumam ser estéreis, mas com certeza ganham o coração de qualquer pessoa com sua beleza incomum.
Conclusão: A beleza dos gatos laranja tem uma explicação?
Os gatos laranja sempre chamaram atenção — são engraçados, intensos e têm aquele charme irresistível que conquista qualquer um. Com os avanços recentes da genética, parece que estamos começando a entender melhor o que pode estar por trás dessa cor vibrante tão característica.
Mais do que um simples detalhe curioso, essa possível explicação mostra como a genética dos animais ainda pode nos surpreender, revelando que até nossos bichanos de estimação carregam histórias complexas — talvez até mesmo misteriosas — em seus genes.
Então, da próxima vez que você vir um gato laranja esticado no sofá, fica a ideia: será que ele carrega uma herança milenar que explica sua cor? Ou será que ainda há muitos segredos para descobrir?
E, claro, quem sabe se aquela brincadeira de que todos os gatos laranja compartilham uma mesma célula cerebral não tenha um fundo de verdade… ou não!
Curtiu o conteúdo? Compartilhe com outros apaixonados por gatos e continue acompanhando nosso blog para mais histórias e descobertas fascinantes do mundo felino!

Lana Sullivan é apaixonada pela vida em todas as suas formas. Escreve sobre animais, plantas, Oceanos e paleontologia, unindo curiosidade, respeito e encantamento pela natureza. Acredita que cada ser, passado ou presente, tem uma história que merece ser contada.